5G depende de atualização das leis municipais para instalação de antenas

Em live, CNI, Febraban, Claro, Abrintel e Huawei defendem simplificação do licenciamento, espectro para rede privada da indústria, formação de mão de obra qualificada e segurança digital

Muito se fala dos potenciais do 5G, mas o Brasil não vai garantir inclusão digital e competitividade para a indústria nacional, se não tiver infraestrutura adequada e profissionais preparados para as inovações. Nesta quinta-feira (25), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) realizaram live para debater os impactos e os condicionantes para a nova geração de rede móvel.


“O 5G terá impacto significativo, não só pela estabilidade da conexão, mas pelo potencial de uso. Só que temos uma preocupação em relação às leis municipais, que precisam ser atualizadas, uma vez que vai exigir grande número de antenas”, ressaltou Glauco Côrte, presidente em exercício da CNI.


Para auxiliar as prefeituras e câmaras de vereadores, o Movimento Antene-se oferece um modelo de projeto de lei municipal criado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelos ministérios da Economia e das Comunicações. Atualmente, 19 municípios e o Distrito Federal têm leis atualizadas que desburocratizam a instalação das antenas. No âmbito estadual, Rio de Janeiro e Mato Grosso alteraram a legislação sobre o tema.

Porta-voz do Movimento e presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), Luciano Stutz explicou que as regras dos outros 5.550 municípios são inatingíveis e inviabilizam as estruturas.

“Nossa preocupação é conseguir atualizar a legislação das capitais primeiro, depois das cidades com mais de 500 mil habitantes e assim em diante. O edital de 5G da Anatel ainda prevê a inclusão de pessoas que estão sem conectividade com 4G, em regiões que não estão cobertas. Para, por exemplo, garantir aulas on-line das crianças e serviços digitais do governo”, justificou Stutz.

Do ensino a distância às cidades inteligentes

Da democratização do acesso a serviços e à educação à viabilização de carros autônomos e cidades inteligentes, o 5G terá aplicações inimagináveis. Fabio Andrade, vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, listou os pilares da quinta geração de rede móvel: latência, velocidade, interação e confiança no sistema. “Não sabemos tudo que seremos capazes de fazer com 5G, mas aos poucos vamos descobrindo”.

Diretora da Febraban e moderadora do debate, Mona Dorf foi além: “Teremos cidades inteligentes, carros autônomos, geladeiras que mapeiam o que comprar, telemedicina. Tudo isso será possível em um futuro próximo. A revolução do 5G é maior do que a gente imagina e vai impactar todos os setores”. Na corrida por soluções tecnológicas, um setor que saiu na frente e hoje está na vanguarda mundial é o bancário.

“Temos um dos melhores sistemas bancários do mundo, fomos os primeiros a colocar chip no cartão de crédito, utilizamos biometria, lançamos o PIX, que é um programa de inclusão financeira. Historicamente, o setor investe R$ 20 bilhões por ano, sendo que, no ano passado, foram R$ 25 bilhões e devemos permanecer nesse patamar nos próximos anos”, antecipou Leandro Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban.


Rede privada será importante para garantir segurança e competitividade

Para a indústria 4.0, que também tem provocado uma transformação, da cadeia produtiva às entregas, a CNI tem defendido outro pleito, como detalhou Glauco Côrte no debate: “Precisamos de um espectro do 5G para o setor industrial, para que ele possa aproveitar ao máximo as potencialidades e ter mais competitividade. E que os custos sejam compatíveis com nossos concorrentes internacionais”.

Um dos motivos é a segurança, já que, com uma rede privada, a indústria ficará menos vulnerável a ataques hacker, que podem paralisar a produção e provocar prejuízos milionários. Nos dois casos, da cibersegurança e da instalação de antenas, serão necessários profissionais capacitados, recurso que hoje é valioso para as empresas.

“Quando falamos da indústria, que paga os melhores salários do país, precisamos de técnicos, de várias áreas, mas principalmente de tecnologia. Estudo da OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico] mostra que, em até 20 anos, 50% das atividades serão parcial ou totalmente eliminadas”, lembrou o presidente em exercício da CNI.

Ele citou levantamento da Agência Alemã de Cooperação (GIZ) com o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI), que mostra que, na área de cibersegurança, serão necessários 80 mil especialistas nos próximos 10 anos, mas o Brasil terá apenas cerca de 15 mil.

Marcelo Motta, diretor de Soluções e Cibersegurança da Huawei América Latina, contou que a empresa já está atuando com academias para qualificar profissionais, já que a transformação digital não é uma previsão de futuro, mas realidade. “Estimamos que, mundialmente, esse processo acelerou em sete anos com a pandemia”.

FONTE:
Por: Amanda Maia
Da Agência de Notícias da Indústria
Fotos: Gilberto Sousa/CNI

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